Aqueles olhos
Nossos olhares se
encontraram no meio do salão lotado. Olhos sérios sustentando os meus. Meu
coração deu um pulo que há muito eu não sentia. Sorri envergonhada e caminhei
em sua direção, tentando parecer o mais calma possível.
— Olá. Você é a Sarah,
certo?
— Eu mesma. Você é o
amigo do Paulo?
— Sim. Prazer,
Rodrigo.
Ele me deu um abraço e
senti seu tórax largo pressionado contra meu corpo. Seu calor foi agradável
naquele dia frio. Nos soltamos e ele disse:
— Acho que eles já
estão nos esperando no Pizza Hut. Vamos?
— Sim, estou morrendo
de fome.
Ele sorriu para mim e
andamos juntos até a praça de alimentação, conversando.
Encontramos com o
Paulo e mais alguns amigos dele. Comemos, conversamos, rimos e acredito que em
algum momento desse processo todo, eu me apaixonei.
Rodrigo me deu carona
até o meu hotel.
— Vamos marcar mais
alguma coisa antes de você ir embora. –Ele sugeriu.
— Vamos, sim!
Aproveitar já que não venho muito para cá. –Respondi animada.
Nos despedimos, e eu
fui para o meu quarto. Rolei a noite inteira na cama relembrando o dia. Das
conversas com o Rodrigo, seu sorriso que me desarmava, sua voz grossa que me
causava arrepios, do seu corpo quente, das suas tatuagens à mostra.
No dia seguinte
marcamos de dar uma volta pela cidade. Ele me levou em um tour particular. Eu me sentia uma menina ao seu lado, com suas
conversas maduras, com suas experiências de vida. Pude sentir a diferença de
idade, mas não me importava nem um pouco, só queria ouvi-lo falar, queria
aqueles olhos brilhantes focados em mim. Não queria que aquela semana
terminasse.
Passamos tempo dos dias
restantes conversando sobre tudo. Mas o último dia da minha viagem chegou e,
com ele, a despedida.
Rodrigo me abraçou e
disse que sentiria saudades. Meu coração palpitou e não pude esconder um
sorriso gigantesco.
Mantivemos contato
pela internet, mas não era a mesma coisa. A magia daqueles olhos castanhos foi
se esgotando. Até o dia que percebi que qualquer coisa que existiu entre nós
foi apenas amizade, e que o caminho que eu estava trilhando era solitário. E
isso não mudaria.
Me forcei o distanciamento
daquele sorriso que eu tanto desejava até parar de necessitar dele. Assim é a
vida. Temos amores eternos e paixões de segundos. E seguimos procurando pelo
próximo momento que seremos cativados por um outro alguém.
Se copiar o conto, não deixe de citar a autora (Lívia)
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