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O Sorriso Rubro
Eu estava sentada na frente do computador, como toda sexta à
noite. Meus pais estavam viajando a negócio e ficariam o fim de semana inteiro
fora. Finalmente a casa só para mim!
Olhei no meu celular que estava na mesa do computador. Já passava
da meia noite, a casa estava no silêncio total. O telefone tocou. Pulei com
o susto. Corri até a sala e o atendi. Silêncio. Desliguei e voltei para o meu
quarto.
Cinco minutos depois, o telefone tocou novamente. Corri até
a sala e o atendi. Silêncio. Quando eu estava para desligar, escutei uma
respiração forte. Meu corpo inteiro arrepiou. Desliguei.
Alguma das minhas
amigas deve estar fazendo isso, só pode. Elas sabiam que eu ia ficar sozinha em
casa e estão tentando me assustar, mas não vão conseguir.
Voltei para o computador, e trouxe o telefone sem fio
comigo.
Cinco minutos depois, o telefone tocou novamente. Irritada,
atendi:
- Olha aqui, fala logo o que você quer!
- Filha? Está tudo bem?
- Ah! Oi, pai! Me desculpa, é que tem alguém ligando aqui
pra casa, mas não fala nada.
- Tô ligando pra ver se tá tudo bem com você.
- Tá tudo ótimo!
- Está bem então. Juízo, menina. Domingo nós estamos em casa.
- Tchau, pai!
- Tchau, filha. – Desliguei.
Fui até a cozinha pegar algo para comer. Pelo canto do olho
vi algo se movendo na janela da sala. Congelei. Movi lentamente a cabeça em
direção à janela, mas não vi mais nada. Olhei em volta procurando algo para usar
como arma mas a gaveta de facas estava distante.
A sala era enorme, e as paredes possuíam grandes janelas de
vidro. À noite, a casa se transformava em um aquário, e os moradores, em
peixinhos indefesos.
Achei que estava vendo coisas demais. Andei até o armário e
peguei uma bolacha. Estava quase no corredor que levava aos quartos quando
parei. Os pêlos da minha nuca estavam eriçados. Algo estava errado. Muito
errado. Virei o corpo para a sala, mas os vidros estavam embaçados, e a única
coisa que eu conseguia ver, era o meu reflexo. Pensei em chegar perto para ver
lá fora, mas faltou coragem.
Voltei para o meu quarto, comecei a comer a bolacha e
descontraí. Aproximadamente vinte minutos depois, o telefone tocou. Levei outro
susto. Quando coloquei o dedo no botão de atender, ouvi barulhos no quintal. O que está acontecendo?
Atendi ao telefone, receosa.
- Alô?
Uma respiração forte.
- Quem é você? Vou ligar para a polícia se não parar de me
ligar!
- Tente me impedir. – Uma voz grave e rouca. A ligação caiu.
Tentei ligar para a polícia, mas o telefone ficou mudo.
Procurei meu celular pelo quarto, mas não o achei. Onde eu coloquei aquela tranqueira? Eu trouxe para o quarto quando vim
pra cá!
Tentei lembrar onde o coloquei pela última vez, quando
escutei o seu toque vindo da cozinha. Fui até lá devagar, tentando não fazer
muito barulho. Ele estava em cima da mesa, tocando. Mas a música era do alarme.
Por que o alarme tá tocando? Eu não
coloquei pra despertar.
Peguei o celular. O nome do alarme era “Hora do Susto”. Como assim? Minhas pernas bambearam, e
eu me apoiei na mesa. Olhei em volta, esperando um ataque, mas nada aconteceu.
Desliguei o alarme e o silêncio reinou novamente.
O que está
acontecendo? Tem alguém em casa!
Liguei para a polícia do celular, peguei uma faca da gaveta
e andei cautelosamente até o meu quarto. Olhei embaixo da cama, e tranquei a
porta. A ligação não completava nunca, olhei para o meu celular. Estava
desligado. A bateria tinha acabado. Agora
não! DROGA!
Larguei-o do lado do computador, apaguei as luzes e encostei
na parede, atrás da porta. E esperei. Suor escorria da minha testa. Minhas mãos
seguravam a faca sem firmeza. Minhas pernas tremiam. Eu vou morrer. Não! Eu não posso morrer, não desse jeito. Segurei
um soluço, e minha garganta doeu por causa do choro contido.
Alguns minutos se passaram, até que vi através da penumbra,
a maçaneta girar. Minha vontade era de gritar o mais alto possível, mas eu não
podia. Isso era entregar a minha localização para aquele psicopata!
- Saia da toca, ratinha.
Apertei o cabo da faca mais forte. Olhei ao redor, e
simplesmente tive a ideia salvadora.
Caminhei lentamente até meu armário, movi as coisas de
dentro dele para baixo da cama. Coloquei uma caixa de plástico estrategicamente
na frente da janela. A porta fez um barulho alto, e eu gritei com o susto e a
tensão.
- Aí está a minha garota.
Desgraçado!
A porta fez barulho novamente. Ele deveria estar tentando
arrombá-la, e provavelmente não demoraria muito. Abri a janela, e a deixei
escancarada. O ar gélido da madrugada invadiu o quarto e me congelou até os
ossos. Entrei dentro do armário, e fiquei o mais silenciosa possível.
Passaram-se alguns minutos, mas foram os minutos mais longos
da minha vida. De tempos em tempos a porta fazia barulho, até que eu a escutei
abrir com um estrondo gigante. Ouvi os passos ecoando, cada vez mais perto. Meu
coração batia tão alto que eu achei que o psicopata poderia ouvir.
Tudo silencioso. Passos novamente. Uma caixa plástica sendo
chutada. Era o momento que eu esperava. Pulei para fora do armário e enfiei a
faca nas costas da pessoa que estava na minha frente. O homem virou de frente
para mim, seu rosto estava com uma expressão confusa.
Ele agarrou uma das minhas mãos, mas eu o esfaqueei no olho.
E completei cortando a sua garganta de orelha a orelha, formando um sorriso
horripilante.
O homem caiu de joelhos, sangrando. Chutei seu genital, e
ele finalmente caiu no chão.
Peguei meu celular, corri para o quarto dos meus pais e o
coloquei para carregar. Liguei para a polícia, e em alguns minutos eles
chegaram. Meus pais foram comunicados, dormi na casa de uma amiga, e o homem
não foi identificado.
Passei anos fazendo terapia, tentando superar aquela
madrugada. A única coisa que eu conseguia era ver o rosto dele, banhado de
sangue, olhando dentro dos meus olhos. E a sua respiração pesada ecoando nos
meus ouvidos.
Só havia uma coisa que me fazia esquecê-lo. E era quando eu
tirava a vida de outra pessoa.
~ * ~ * ~
A imagem é para reforçar que psicopatas não são necessariamente pessoas estranhas. Podem ser pessoas bonitas e cativantes, completamente normais para nós. Pode ser aquele seu vizinho ou a sua colega de trabalho. Pode até mesmo ser o tio simpático da cantina.
Qualquer um pode ser um psicopata sem que você saiba...
Qualquer um pode ser um psicopata sem que você saiba...
Se copiar a estória, não esqueça de citar a autora (Lívia)!
7 comentários:
QUE. MEDO.
Ficou excelente, senti tensão até nos ossos lendo esse! D: Se eu não dormir a noite, pode ter certeza que farei outro voodoo pra você.
Eba! Então eu consegui passar a sensação que eu queria! \o/
Por favor, outro voodoo não x-x
Eu tenho a sensação que você ainda vai fazer uma coleção de bonecos de voodoo pra mim...rs
Lívia, suas histórias estão me dando medo ><'
Isso é bom, Ollie! hehehe
Quer dizer que elas estão boas :)
o pior é quando você CONHECE e JÁ ESTEVE no ambiente do conto... >P^)
Ou quando você mora nele, né? rs
ai que medo me apavorei tanto você captou bem o que queria medo suspense adorei a historia
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