Um tributo àqueles que me deram o melhor
aniversário ever!
O Jogo da Escuridão
Saí
do banho quente enrolada em uma toalha. Estava tudo muito silencioso.
Estranhei.
-
Nicholas? – Chamei.
Silêncio.
-
Nicholas! – Chamei novamente. Onde estava
o meu namorado?
Sua
mochila e celular ainda estavam em casa. Fui até a cozinha. Havia uma carta
descansando sobre a mesa. Ai, não! Meu
coração bateu rápido e eu corri para a carta. Mas era a última coisa que eu
esperava encontrar.
“Olá, Verônica.
Quero jogar um jogo com você.
O seu namorado está sob os meus
domínios, e eu o trocarei por você. Mas quero me divertir antes.
Exatamente às 20h você sairá de casa e
andará até o bosque que fica próximo.
Encontre as pistas e tente salvar o
seu amado antes do sol nascer.
Boa sorte,
J.”
Olhei
para o relógio na parede: 19:55h. Corri para meu quarto, peguei uma blusa
qualquer e a minha já usada calça jeans. Coloquei tênis e prendi o cabelo
molhado, sem nem penteá-lo.
Peguei
uma lanterna e saí para a rua: 19:59h.
Andei
rápido para o bosque. Estava nervosa e agitada.
Assim
que atravessei a entrada do bosque, o vento frio arrepiou o meu corpo todo. O que seriam as pistas? Olhei em volta
perdida, e vi um papel colado no poste de luz à minha frente.
“Você deve achar oito páginas, mas não
deve esquecer de que haverá inimigos atrás de você. Não pare para respirar,
apenas na luz.
Boa sorte,
J.”
O
barulho da floresta ficou nítido e o medo me invadiu. Minhas pernas queriam ir
embora, mas meu coração me impediu: Nicholas.
Andei
até a cabana de informações; encontrei um guarda caído no chão. Não encontrei a
sua pulsação.
-
Nicholas! – Sussurrei com medo. Será que
ele estava bem?
Meus
olhos foram atraídos para o coldre na cintura do guarda. Peguei a arma, uma
semi-automática, e procurei por mais munição. Achei três cartuchos.
Andei
até o começo da trilha, respirei fundo, liguei a lanterna, empunhei a arma e
segui em frente.
Meu
coração ecoava alto dentro de mim, tão alto que pensei na possibilidade
daquelas criaturas conseguirem escutar. Minhas mãos tremiam de medo e
adrenalina. Vi uma churrasqueira mais à frente. Havia uma página no chão.
Peguei-a. Desenhos macabros de uma criatura me assustaram.
Ao
fundo, uma música tocava. Contava a história de um poeta e sua amada, algo a
ver com luz, bruxa e escuridão. Estranhamente aquilo me deu forças para
continuar.
Um
galho quebrou atrás de mim. Virei com a arma levantada. Um ser encapuzado
estava parado a alguns metros de mim. Algo naquele momento me lembrou do Slenderman. Enfiei a página no bolso e
corri pela trilha, sem olhar para trás.
Encontrei
outra página colada em uma árvore branca. “A
escuridão tomou conta deles! Jogue luz e depois acerte.”
O que isso significa?
Olhei
para trás, a criatura estava ao longe, me seguindo.
Continuei
andando. De repente, um homem pulou do meio da floresta e correu para cima de
mim. Lanterna. Um estampido seco. A sombra dele desapareceu. Mirei. Mãos
tremendo. Medo. Ele estava muito perto. Um tiro. O corpo caindo. Morte.
Meu Deus! Eu matei um homem!
Barulho
de passos; olhei por cima do ombro. Ele estava cada vez mais perto.
Corri.
Tropecei em uma raiz. Continuei a correr. Mais um cara sombrio. Outra morte. A
criatura me seguindo. Nicholas em perigo.
Peguei
outras duas páginas. Faltavam quatro. Minha respiração estava mais do que
ofegante. Parei embaixo de um poste de luz para respirar. Eu matei cinco
homens, e dois deles havia me machucado.
Voltei
a correr, ele estava muito perto. Droga!
Corri de costas e acertei uma árvore.
-
Ai!
Senti
uma mão me agarrando. Dei um tiro. Nada aconteceu. Primeiro a luz, sua tonta! Consegui soltar a minha mão, apesar dos
arranhões, joguei a luz da lanterna. Houve o mesmo estampido seco e depois o
barulho do tiro.
Apoiei
na árvore respirando fundo, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Por que eu? De repente, um cheiro de
morte me atingiu. Me senti mal. Olhei em volta e o ser maligno que me seguia
estava a um metro e meio de mim.
-
POR QUE EU? O QUE EU FIZ?
Ele
continuou se aproximando. Corri entre as árvores, desviando dos galhos e dos
arbustos. Pisei em um buraco, minhas pernas falharam por um segundo e eu quase
caí.
Arquejando
ou arfando voltei andando para a trilha escura. Recarreguei a arma.
Dois
homens apareceram. Eu estava tão
cansada! Desviei deles e peguei outras três páginas enquanto corria.
Quanto tempo havia passado? Quanto eu
já corri?
Cheguei
a um rio. Nicholas estava deitado na terra da beirada. Corri até ele com o
resto das minhas forças. Havia uma última página presa na sua mão.
Verifiquei
seus batimentos e a respiração. Ele estava vivo! Peguei a página.
“Parabéns, Verônica!
Você sobreviveu até aqui. Mas você
acha que consegue voltar a salvo?
Acho que a
brincadeira acabou.
J.”
Olhei
em volta assustada. Havia dezenas de homens com a sombra, e chegando perto
estava o ser do mal. Não! Depois de tudo,
eu não posso morrer aqui.
-
Peraí! O que você está falando, menina?!
-
Jonathan! Não estraga a minha história!
-
Ele tem razão, Lívia. E que final walking
dead é esse?
-
Shiu, Gabriel! Você nem assistiu walking
dead ainda.
-
Aloka, gente. – Marcelo disse.
-
Pra começar, por que você trocou todos os nomes?
-
Pra ficar mais interessante, Jonathan.
-
Você está me traindo com algum Nicholas? – Ele falou sério.
-
Deixa de besteira, amor! – Dei um tapa nele.
-
Quem é o vilão? Eu ou o Jonathan?
-
O Jow, e não você, Gabriel. Aqui você não é o Jaloto, só Gabriel.
-
Então vamos do começo, chuchu.
-Vê
se não arruína a minha história, Jow.
-
Você não se preocupou comigo porque sabia que eu estava por trás de tudo. Tanto
que colocou J. como a mente genial e maligna que criou tudo.
-
Hum...
-
Em vez do bosque, foi na faculdade. E você errou pra onde tinha que ir. Em vez
do quiosque, você queria ir pro saguão. – Ele riu. – E a sua criatura maligna
era o Marcelo com um sobretudo, e a sua primeira impressão foi
C-O-M-P-L-E-T-A-M-E-N-T-E diferente. Ele tava com uma cara de “o que eu to
fazendo aqui”, que você mesma descreveu depois.
-
E o guarda? Quem você matou, Lívia?
-
Era só pra combinar, Marcelo. Eu só queria deixar a história mais assustadora.
-
Vai... você acertou a parte de tropeçar, bater na árvore e quando a gente te
pegou. Apesar que não colocou o quanto te pegamos. E te pegamos bem mais! –
Gabriel disse.
-
E peguei você na metade do jogo, e no final.
-
Ignora o final, Marcelo. Eu me prendi na grade, não valeu!
-
Valeu sim, Liv! Perdeu.
Olhei
feio para o Jonathan.
-
Pfff... A quadra de areia virou um rio. – E riu.
-
E o final, Jow?
-
Verdade, Jalo- Ops! Gabriel. Que momento
tenso, hein? A Verônica ia morrer... Ah! Agora faz sentido! É porque a Lívia
perdeu no final!
-
Gente louca.
-
Para, gente! Ficou legal, vai...
-
Ficou, ficou, Liv.
Gabriel
e Marcelo continuaram tirando sarro de mim, enquanto que o Jow me abraçou
rindo. E eu ri também.
Se copiar a estória, não esqueça de citar a autora (Lívia)!
2 comentários:
Achei muito legal perenizar/eternizar...com um conto legal, o seu aniversário de 20 anos. Da pra notar que a aventura produziu muita adrenalina! Seus amigos vão ter que dar um duro pra se superarem no próximo ano...e é claro...teremos o prazer de ler outro conto da Liks!
uma sugestão: um conto mais infantil, com um pega-pega no escuro...também com muita adrenalina...bjks mil!
E pode botar adrenalina nisso!!!
:D
Vou tentar fazer um cono mais infantil... faz um booooom tempo que eu escrevi esse aqui, só não deu pra postar aqui... Mas vou pensar na sugestão, obrigada, Lee!
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