segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Amor de Mãe

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Amor de Mãe

-Ju, minha amiga, eu te imploro!
-Não, eu não vou embora!
-Olha o seu estado, mulher! Vê o que aquele desgraçado fez com você!
-Ele não fez de propósito, Rita... Ele só ta mais estressado ultimamente.
Juliana olhou o relógio.
-Rita, o Manuel já vai chegar. Você sabe que ele não gosta de ninguém aqui em casa.
-Ju, você sabe que ele não vai chegar logo. Ele vai pro bar, ficar bêbado e vir te espancar depois.
-Não é verdade! Faz favor, Rita, vai embora.
-Você só vai fazer algo quando ele quase te matar? Ou quando o Yudi apanhar do pai? Tá bom, to indo.
Rita foi embora triste, enquanto Juliana foi chamar Yudi na vizinha. O menino foi tomar banho; a mãe, a janta.
Os dois se sentaram à mesa, com a mesa posta e a comida pronta. Esperaram.
Esperaram por quase três horas até Manuel chegar batendo a porta.
-Mulher! Cadê você?
Juliana correu até a sala. O cheiro do álcool era evidente.
-O que você aprontou hoje? Eu sei que a biscate da Rita tava aqui falando bobagem.
-Não, meu amor. Ela veio, mas eu pedi para ela ir embora.
-Pediu? Tem que expulsar aquela vaca daqui! Por que você não fez isso, hein? – Ele agarrou o cabelo dela e a jogou no chão.
-Ai! Por favor, não, eu não vou fazer de novo.
-É o que você sempre fala, sua vadia. – Chutou a barriga da esposa.
-Não, querido, eu prometo, não vou mais fazer. – Começou a chorar.
-Para de chorar, desgraçada. Eu faço tudo por vocês!
-Por favor... – Ela implorou.
-Eu que aguento aquele maldito do meu chefe. – A cada frase, um chute em Juliana. – Aguento aquele trabalho de fracassado. Tudo porque você ficou grávida daquele seu filho retardado. Você destruiu a minha vida!
O filho de cinco anos presenciou a cena, e começou a chorar.
-Para, moleque.
-Yudi, tá tudo bem, filho. A mamãe tá bem.
-Cala a boca, desgraçada. – Puxou o cabelo e bateu a cabeça dela no chão. Yudi continuou a chorar. Juliana desmaiou.
-Mamãe...
O pai avançou no filho e o socou. Como o choro continuou, ele pegou o menino, o jogou na parede e depois o chutou. Quando a casa finalmente silenciou, ele foi dormir.
Juliana acordou no meio da madrugada. Seu filho estava deitado em posição fetal, imóvel.
-Yudi, não, não! – Ela se arrastou até ele. – Filho? Querido? Tá tudo bem?
-Ma-mãe.
Ela o envolveu nos seus braços e o embalou, chorando.
Quando o menino dormiu, ela o colocou no sofá, e andou silenciosamente até o quarto para se certificar de que Manuel estava dormindo. Ligou para Rita; ela já estava vindo.
Juliana esperou na porta por cinco minutos até a chegada da amiga.
-O que aconteceu, Juliana? Meu Deus, o que te aconteceu?
-Você pode levar o Yudi para a sua casa?
-Posso. – Ela entrou e levou um choque com o estado do menino. – Pobrezinho...
-Toma, cobre ele com esse cobertor.
Rita o enrolou, e o pegou no colo.
-O que você vai fazer, Juliana?
-Eu vou terminar com isso. – Falou determinada.
-O seu filho teve que apanhar para você denunciar o canalha do Manuel. É um cúmulo! Como você pôde suportar apanhar durante quase seis anos?
-Vai embora, Rita. Faz favor.
-Ok, eu cuido do Yudi até você ir pegar ele.
-Obrigada. Diga que eu amo ele.
-Eu digo.
Rita foi embora; Juliana vagou pela casa perdida. Após algum tempo, subiu para o quarto. Se aproximou do marido sorrindo.
-Manuel... – Sussurrou.
Ele se remexeu na cama e abriu os olhos.
-O que foi? – Perguntou ríspido.
-Durma bem. – Seus olhos tinham um brilho de loucura.
Ela o esfaqueou múltiplas vezes no pescoço, no tórax e no rosto.

Juliana foi encontrada na manhã seguinte por Rita. Ela estava deitada ao lado do marido, dormindo, como se fosse comum. Quando a polícia chegou, ela não fazia ideia do que havia acontecido com o seu marido ou com o filho. A última coisa da qual lembrava, era estar sentada à mesa com o filho, esperando o marido chegar.

Ela acabou em um hospício.
Sempre perguntava sobre Manuel e Yudi, apesar de terem contado inúmeras vezes, ela continuava negando que havia matado seu amado.
Yudi nunca mais viu a mãe. As feridas físicas se curaram. As psicológicas, não.


Se copiar a estória, não esqueça de citar a autora (Lívia)!

4 comentários:

Unknown disse...

Jesus eterno.............. 'O.O'

Lívia F. disse...

Gostou? hihi

Álison Freire disse...

Eu gostei. :3

Lívia F. disse...

Fico feliz que tenha gostado, Álison :)