sexta-feira, 27 de maio de 2011

Um amor errado

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Um amor errado
Olhei pelo corredor e lá estava ele parado conversando com outro homem. Desci pensativa as escadas de serviço para a minha sala. Fazia quatro meses que ele trabalhava na mesma empresa que eu mas nunca nos falamos. Eu estava na contabilidade e ele na gerência. Desde o momento em que o vi entrando no elevador, com aquele rosto tranqüilo, me encantei. Foi amor à primeira vista.
Trombei com o Fernando na porta da minha sala.
-Fernando. Estava me procurando?
-Ah, eu...hã...não. Quero dizer, estão te chamando lá em cima.
-Lá em cima? O que será que eles querem?
-Não sei, mas deve ser algo bom.
Respondi com um sorriso e andei nervosa até o elevador. O que será que queriam de mim? Não lembro de ter cometido nenhum erro. Ou será que não percebi? Lá em cima era o Alto Comando, era como costumávamos chamar os diretores da empresa.
Subi até o décimo sexto andar e parei na frente da secretária.
-Oi, Thais. O Fernando me avisou que querem falar comigo.
-Olá, Viviane. É isso mesmo, pode entrar. –E indicou a porta de reuniões.
Engoli em seco e entrei. O diretor e o gerente de finanças estavam sentados à mesa quando entrei. O que significa que aquele anônimo que me fascinou estava lá, afinal ele era o gerente de finanças.
-Bom dia. –Cumprimentei.
-Bom dia, Viviane.
-Bom dia. –Pude ouvir sua voz doce sendo dirigida à mim. –Sente-se, por favor.
Sentei. Apertei minhas duas mãos embaixo da mesa, estava nervosa.
-Você provavelmente quer saber por que a chamamos, certo?
-Sim.
-Faz algum tempo que você trabalha conosco, percebemos que você é uma ótima funcionária e discutimos sobre o assunto. –O diretor continuou.
Fiz que sim com a cabeça.
-E resolvemos te dar uma promoção. –Ele completou a frase do diretor.
Meus olhos brilharam.
-Gostaria de se tornar a nova vice-gerente de finanças?
-Se eu gostaria? Eu adoraria!
-Ótimo! Você ganhará um aumento de cinqüenta por cento no salário, e amanhã mesmo já pode se mudar para a sala ao lado da do Jorge.
Jorge. O seu nome era Jorge.
-Obrigada.
-É só. Pode se retirar.
Levantei sorrindo.
-Obrigada. –E saí.
Desci de elevador explodindo de felicidade. Uma promoção! E ainda poderei trabalhar com o Jorge.
Entrei correndo na sala do Fernando.
-O que foi? O que eles queriam?
-Você está olhando para a nova vice-gerente de finanças! –Falei alegre.
-Uau! Parabéns!
Eu o abracei.
-Não é ótimo?
Ele se livrou do meu abraço sutilmente.
-É sim... –Percebi certo desânimo em sua voz.
-O que foi? Não está feliz por mim?
-Não é isso. É que não nos veremos tanto como agora...
Fiquei em silêncio por alguns segundos. Olhando por esse lado, de repente me senti inquieta. Eu queria muito essa promoção mas senti como se ir para o nono andar não fosse algo tão bom assim.
-Mas ainda continuaremos amigos, certo? –Ele quebrou o silêncio com um sorriso tímido.
-Claro!
Voltei para a minha sala um pouco abalada. Mas logo esqueci esse sentimento. Eu iria trabalhar com o Jorge!
No dia seguinte cheguei mais cedo e fui realizar a minha mudança de sala. Assim que sentei na minha nova cadeira e olhei para a minha nova (e grande) sala, a sensação de vazio me afetou. Algo faltava. Mas Jorge entrou no mesmo momento e a sensação de vazio foi substituída por alegria.
-Bom dia, Viviane.
-Bom dia, Jorge. –Falei empolgada.
-Pronta para o trabalho?
-Sempre.
-Ótimo! –Ele respondeu rindo.
O dia de trabalho foi puxado mas valeu cada segundo por ter Jorge ao meu lado.
Naquela mesma tarde, um pouco antes de acabar o horário de trabalho, eu estava mergulhada em uma conta da empresa quando Jorge apareceu um pouco sem graça.
-Aconteceu algo?
-Não, eu só... Está ocupada agora?
-Não muito, pode falar.
-Eu estava pensando...se você não quer comemorar a sua promoção hoje à noite. Eu conheço um ótimo restaurante...
-Só nós dois? –Perguntei surpresa.
-Ah, eu posso chamar o pessoal se você quiser. –Ele respondeu mais sem graça ainda.
Ele estava me convidando para sair?
-Não, tudo bem. Eu adoraria jantar com você.
Seus lábios se abriram em um enorme sorriso.
-Ótimo!
Assim que terminou o horário, dei uma passada no banheiro, dei uma ajeitada no meu cabelo e retoquei a maquiagem. Encontrei-o na porta do prédio. Ao me ver ele sorriu mais ainda.
-Está pronta?
-Sim.
Fomos no carro dele porque eu havia vindo de metrô no dia. O jantar foi ótimo. Conversamos o tempo todo, ele queria saber tudo sobre mim. Fiquei completamente lisonjeada com o interesse dele.
Ele me deixou em casa e ainda no carro, nós nos despedimos.
-Obrigada pelo jantar, foi maravilhoso.
-Fico feliz que você tenha gostado.
-Sabe, eu sempre te vi andando pela empresa mas nunca tive coragem de puxar conversa.
-Eu digo o mesmo! Você estava sempre perambulando pelos mesmos corredores que eu mas sempre a vi conversando com um cara e pensei que estivessem juntos.
-Quem? O Fernando? –Eu ri. –O Fernando é só meu amigo.
-Ah. É que vocês dois juntos...
-O que tem?
-Nada... só achei que fossem um casal.
Eu ri novamente.
-Você tem uma coisa nos olhos. Feche-os que eu tiro.
Fechei meus olhos e de repente senti seus lábios nos meus. Aquela sensação me derreteu por dentro mas algo pulsou dentro de mim e eu sabia que estava apaixonada.
-Boa noite. –Ele respondeu sorrindo.
-Boa noite. –Eu entrei correndo em casa, queimando de vergonha.
No dia seguinte foi tudo normal, mas percebi que ele me olhava de um jeito diferente. Dois dias depois, ele me convidou para sair novamente. Eu aceitei, obviamente!
Fomos ao cinema assistir um filme romântico. Foi perfeito!
Ele me comprou um buquê de flores, e dividimos um sorvete enquanto passeávamos pelo parque à noite. Novamente, ele me deixou em casa e se despediu com um beijo. Mas havia algo em seus olhos que me diziam mais.
No dia seguinte, ele me acordou de manhã com um telefonema de bom dia. Achei aquilo fofo. Era um sábado e ele perguntou se eu não queria fazer nada. Respondi que tinha que ficar em casa porque era dia de limpeza e ele se despediu com uma voz desapontada.
No domingo, acordei com uma mensagem do Jorge, perguntando como havia sido a limpeza e se eu iria fazer algo. Pensei por um tempo e ignorei a mensagem.
Três horas depois, o meu telefone tocou.
-Alô?
-Viviane? Está tudo bem?
-Ah, oi, Jorge. Tudo bem sim, por quê?
-Você não respondeu a minha mensagem, pensei que algo pudesse ter acontecido.
-A sua mensagem...é que eu estava meio ocupada e esqueci. Desculpa.
-Tudo bem. Mas e então? Quer sair hoje? Almoçar fora? Passear?
-Ah... –Pensei por alguns instantes. –Desculpa, mas vou ver a minha mãe hoje.
-Sua mãe? Ah. Manda um oi para a minha futura sogra?
Futura sogra? Nós não estávamos saindo. Está certo que houve algo, mas nada sério. O que ele queria dizer com futura sogra? Fazia menos de uma semana que nós nos conhecíamos!
-Hum.. Jorge?
-Oi, Viviane?
-Então... ela não é a sua futura sogra.
-Como assim? Nós não estamos saindo?
-Bom, não exatamente.
-O que isso quer dizer? Você não gosta de mim? Nós não nos beijamos?
-Tecnicamente, você me beijou. E eu nunca disse nada sobre o que eu sentia e você nunca me perguntou.
-Mas eu me apaixonei por você assim que pus meus olhos em você.
Fiquei em silêncio.
-Você não sentiu o mesmo por mim?
-Não é isso, Jorge. Você está indo rápido demais.
-Como? Eu ainda nem te pedi em namoro!
-Você já estava planejando isso?
-Claro... mas você não quis sair ontem.
-Jorge... não faz nem uma semana!
-E daí? Eu sei que você é o amor da minha vida. Você é exatamente a minha alma gêmea.
Do que ele estava falando? Desde quando aquele cara legal e simpático virou esse cara fantasioso?
-Jorge... calma. Você não me conhece para dizer isso.
-Mas sinto como se conhecesse você a vida inteira.
-Nós nem conversamos tanto assim!
-Eu te amo, Viviane. A cada segundo que passa, eu te amo mais e mais.
Oh, God! No que eu fui me meter?
-Olha, Jorge. Eu tenho que ir agora. Amanhã nós conversamos, ok?
-Claro, amor. Te amo.
-Tchau.
Desliguei o telefone e liguei para o Fernando em seguida.
-Alô?
-Fernando, você precisa me ajudar.
-O que houve?
-É o Jorge.
-Ah.
-Ele disse que me ama.
-Uau. Que rápido!
-Você precisa me ajudar.
-Por quê?
-Se eu deixar isso continuar ele vai me pedir em casamento semana que vem! É muita fantasia para a minha cabeça.
-Sério?
-Sim! Ele está indo muito além dos limites.
-Então conta isso para ele.
-Ele vai ficar arrasado!
-Eu sei, mas é o jeito, certo? Sempre temos algo que nos entristece.
-Eu...vou recusar a promoção.
-O quê? Você é louca?
-Eu não quero trabalhar lá. É chato, tem muita coisa para fazer e terei que conviver com o Jorge. Mil vezes passar o dia com você.
Ele ficou em silêncio.
-Fora que eu sinto um vazio lá no nono andar que eu não sentia na minha antiga sala...
-Ficarei feliz em tê-la de volta.
-Obrigada.
Desliguei o telefone.
No dia seguinte, Jorge veio falar comigo na empresa.
-Viviane.
-Oi, Jorge.
-Me falaram que você recusou a promoção. Por quê?
-Eu gosto mais lá de baixo.
-Mas por quê? Você vai me abandonar? Você não gosta de mim? Por quê? O que eu posso mudar para continuarmos juntos?
-Esse é o problema, Jorge. Nunca houve nós e não haverá nunca. Olha, você é legal e tudo o mais, mas não é quem eu procuro. Você não é o meu tipo de cara.
-Mas posso ser! Só me diga o que preciso fazer.
-Jorge, eu não sou quem acha que sou. Você está iludido e está fantasiando demais.
-Fantasiando? Não estou, não. Eu te amo, Viviane. Você é o meu mundo.
-Não, eu não sou. E esse é o problema. Você é completamente dependente e eu não consigo conviver com alguém assim. Simplesmente não consigo!
-Viviane, não diga isso. Não termine comigo.
-Não estou terminando, Jorge. Nós nunca tivemos nada.
Dei as costas e desci de elevador até a minha antiga sala. Fernando estava me esperando encostado na porta, sorrindo.
E quando vi aquele sorriso, tive a certeza de qual era o vazio que eu sentia.
-Fernando...
-Sim?
-Acho que eu gosto de você.
Seus olhos brilharam e seu rosto se iluminou.
-Você demorou para descobrir.
E então, ele me puxou para perto, e me deu o melhor beijo da minha vida. Ao qual respondi com muito amor.
FIM.

Se copiar a estória, não esqueça de citar a autora (Lívia)!

2 comentários:

Mey disse...

Às vezes a felicidade está do nosso lado, mas a gente procura em outro lugar, só pra complicar! MUITO BOM!

Lívia F. disse...

É verdade... às vezes não enxergamos o óbvio e saímos em uma jornada para procurar algo que já temos... só que ainda não percebemos... ^^

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