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A Dama Congelada
Era
inverno.
Às
vezes eu achava que era inverno o ano todo.
Fazia
alguns dias que nós só comíamos sopa de raízes. Horrível!
Meu
irmão mais velho estava em uma fase rebelde, e naquela tarde tinha jogado a sua
sopa gelada na nossa irmãzinha. Nossa mãe nos mandou ir brincar perto do lago
congelado, na neve fria. Apesar de brincarmos por perto, não podíamos nos
aproximar dele. Era estritamente proibido!
Estávamos
brincando com a nossa única bola. Jogávamos para um lado, jogávamos para o
outro. Aquilo estava chato e minha barriga doía de fome. Por que éramos uma
aldeia tão pobre?
Hoje
percebo que a culpa do que aconteceu foi minha.
-Não
quero mais brincar.
-Fica
quieta e joga a bola! -Ele ralhou comigo.
-Você
quer que eu jogue? Então pega! – Joguei a bola o mais longe possível.
Ela
quicou até parar perto da floresta amaldiçoada. Meu irmão me olhou feio, buscou
a bola e, com um olhar vingativo, ele a jogou na direção do lago. Ela deslizou
mortiferamente até parar no centro dele.
-Por
que você fez isso?!
-Vai
buscar agora, besta.
Comecei
a chorar por ter perdido a bola, e ganhei um cascudo como represália. Meu irmão
me deu a costas e foi em direção à aldeia. Resolvi ser corajosa. Me aproximei
da margem do lago. Não parecia assustador. Dei um passo. Tudo normal. Andei
devagar.
Dez
passos para dentro do lago, eu virei e chamei pelo meu irmão. Ele já estava
sumindo da minha vista, mas escutou o meu chamado e se virou. Sua expressão
irritada se tornou gélida e aterrorizada.
-O
que você tá fazendo, Koya? Sai do lago! É perigoso!
-Mas
é a minha bola!
-O
vento vai trazer ela de volta. Venha Koya, agora!
Dei
as costas e continuei andando em direção à bola. Meu irmão ficou observando
para ver se algo aconteceria. Foram vários minutos de apreensão silenciosa.
Quando finalmente cheguei no centro, peguei a bola e a levantei bem alto para o
meu irmão ver. Para mim, ele era apenas um borrão pela distância.
De
repente, o gelo rachou em volta dos meus pés, fiquei desesperada. Gritei e
corri, ainda segurando a bola. Tudo aconteceu tão rápido! Meu irmão deve ter
ficado horrorizado. O gelo cedeu sob os meus pés e eu caí na água gelada. Como
não sabia nadar, fiquei me debatendo, engolindo litros do líquido mortal. Acabei
parando embaixo do gelo, sem conseguir subir para a superfície. Bati
com as mãos na barreira gélida que me impedia de respirar. Finalmente senti
cada parte do meu corpo congelar e desistir de lutar.
Comecei
a afundar quando senti uma mão me puxando. Meu irmão!
Fui
tirada da água e colocada no gelo firme. Recebi respiração boca a boca, mas
percebi que aquelas mãos eram macias, e havia um perfume suave no ar. Tossi.
Abri os olhos e me espantei! Era uma mulher, usava roupas chiques, a sua longa
cabeleira negra esvoaçava com o vento, a sua pele era tão branca quanto a neve,
mas seus olhos... Eram opacos como o gelo, pareciam congelados, assim como as
lágrimas cristalizadas em suas bochechas. Ela era linda, mas com um semblante
tão triste...
-Quem
é você?
-Eu
sou a Dama Congelada. Eu acabei de salvar a sua vida, e quando chegar a hora,
você deverá realizar um favor para mim. - Ela me pegou no colo, e flutuou até a
borda do lago.
-Obrigada.
– Agradeci assim que pisei no chão, e ela sumiu em seguida.
Meus
pais chegaram desesperados logo em seguida, e me levaram para ser aquecida em
casa.
E
foi nesse dia em que criei um laço eterno com aquele lago frio e proibido...
Se copiar a estória, não esqueça de citar a autora (Lívia)!