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Uma noite encantada
Prendi a fita no cabelo e olhei uma última vez para o espelho.
Aquele era o último dia que passaria no castelo de meu pai, mas eu não estava pronta para partir. Não ainda.
Desci a escadaria até o sagão. Os criados estavam ocupados com seus afazeres para o dia seguinte, e felizmente ninguém tinha tempo para prestar atenção em mim.
Escapei pela cozinha, entrei escondida no celeiro, coloquei a sela na minha égua, montei-a e cavalguei para fora das muralhas. Nem mesmo os guardas me viram.
Cavalguei com o vento balançando meus cabelos, e com a Liberdade como companheira mais íntima.
Krist me levou até a clareira da floresta que circundava o reino. Soltei sua sela e a deixei livre para pastar. Desamarrei minhas sandálias, e pisei na relva úmida. Adorava aquela sensação, e a partir de amanhã, eu a perderia para sempre.
Deitei e fiquei olhando o céu que as copas das árvores cobriam. O balançar das folhas, o canto dos pássaros, o barulho dos besouros. A natureza à minha volta estava em paz, e eu também. Após algum tempo, adormeci com pensamentos ao longe... em vidas que gostaria de ter.
Acordei com gotas d’água no rosto, abri os olhos e constatei que já havia escurecido. Levantei assustada e procurei pelas minhas sandálias; achei-as junto com a sela. Mas Krist não estava comigo na clareira.
-Krist? –Chamei.
A chuva já havia engrossado, e eu estava completamente encharcada.
-KRIST! –Gritei.
Não obtive resposta. Andei para fora da clareira, e continuei tateando entre as árvores. Tropecei em um tronco e caí de cara no chão. Ajoelhei e larguei as sandálias, limpei a lama do rosto e levantei. Escutei um barulho de trovão perto.
Com o medo, saí correndo e acertei várias árvores, tropecei e caí muito. Estava assustada, molhada, com frio, fome e perdida. E o pior é que eu não havia contado para ninguém aonde ia.
Continuei correndo, tropecei e caí em uma ribanceira, rolei até parar ao pé de uma árvore. Senti dores pelo corpo, meus pés estavam feridos, meu vestido rasgado, cortes e arranhões pelas pernas e braços, até mesmo em meu rosto. Eu estava coberta de lama, grama e folhas.
Chorei de desespero. Eu deveria ter contado à alguém aonde iria, mas não o fiz, e ninguém me viu sair. Quando perceberem o meu sumiço já será tarde demais, e provavelmente pensarão que fugi. O que não era uma total verdade.
Já havia chovido por um longo tempo, estava perdida no meio da floresta, teria que esperar até a manhã seguinte para tentar achar o caminho de volta. E havia Krist, ela também estava perdida.
Escutei barulhos perto de mim e estremeci. Estava escuro demais para poder enxergar algo. De repente, um ser encapuzado surgiu na minha frente, com a escuridão não pude ver o seu rosto, mas percebi que também estava encharcado.
-Está perdida?
-Sim.
-Venha comigo, te darei abrigo para a chuva, e assim que o Sol raiar, levarei-a de volta para o reino.
-Obrigada.
Ele me estendeu a mão, e me ajudou a levantar. Me guiou devagar e com atenção. Andamos por algum tempo até chegarmos na base de uma grande árvore. Havia uma cabana, com as luzes acesas.
Entramos; ele retirou a sua capa e a colocou em um suporte próximo a uma das lareiras acesas. Esperei na entrada, pingando. Ele sumiu por uma porta, e voltou alguns minutos depois, com uma muda de roupa seca e uma toalha.
-Por aqui. –Ele entrou no cômodo ao lado.
Eu o segui tremendo de frio, e sujando o chão. Havia uma tina de água com biombos em volta. Ele deixou as roupas em um banco e se retirou. Me despi, e tomei um banho relaxante. Vesti a blusa de algodão branco, que ficou larga, e uma calça marrom, que ficou enorme.
Voltei para a sala, que já não apresentava mais as marcas da minha suja passagem. Encontrei-o se aquecendo perto da lareira, de costas para mim.
-Hum... Obrigada pelo banho.
Ele se virou e me olhou nos olhos; por alguns instantes prendi minha respiração. Seu cabelo preto estava desarrumado, seus olhos castanhos eram lindos, e possuiam um ar misterioso. Sua pele morena de sol se intensificava com a luz da lareira, sua roupa ainda molhada estava grudada em seu corpo, tornando visível seu corpo musculoso e viril, e seus lábios vermelhos se abriram em um sorriso contido. Senti meu corpo ficar quente, e meu rosto ficou completamente vermelho.
-Sente-se perto da lareira e se aqueça um pouco. –Ele respondeu calmo, mas sem o sorriso.
-O-o-obrigada.
Ele se levantou e passou por mim, pude sentir seu cheiro e isso me estremeceu. Sentei na poltrona perto da outra lareira. Nenhuma vez durante meus dezessete anos fiquei tão próxima de um homem. Estava acostumada com a presença do meu pai, dos meus dois irmãos, ou dos criados que trabalhavam no castelo, mas minha família era a minha família, nada mais além disso; eu não era como algumas das minhas cinco irmãs que antes de se casarem foram para a cama do meu irmão mais velho, que era um cavaleiro. E com os criados, nunca ficava perto deles por muito tempo. E até mesmo com os reis, príncipes, cavaleiros e a nobreza que apareciam nas festas do castelo não tive muito contato. Minha mãe e minhas amas sempre estavam tomando conta de mim.
Era a primeira vez que eu estava sozinha com um homem, e eu nem o conhecia. Senti um arrepio pelo corpo. Eu estava sozinha com um homem desconhecido! Ele poderia ser um ladrão, um assassino, qualquer coisa! Que tipo de pessoa mora no meio da floresta? Olhei em volta. Era uma cabana simples mas confortável. Havia três lareiras acesas, uma poltrona, uma mesa com duas cadeiras, várias lamparinas acesas, as várias janelas cobertas com cortinas pesadas. Uma porta que deveria ser o quarto, e outra que dava para perceber ser a cozinha. Pensei em ir até a cozinha, pegar uma faca e fugir. Mas a troco de que? Ele não fez nada de mal para mim, não pareceu ser hostil, nem tentou nada com segundas intenções.
Não sei quanto tempo fiquei parada olhando para a cozinha, absorta em meus próprios pensamentos. Só voltei à realidade ao ouvir a voz dele:
-Se está planejando fugir com alguma arma, eu aconselharia a ir sem nenhuma. Não irei atrás da senhorita, nem lhe farei nenhum mal.
Olhei-o apavorada.
-Não, eu só estava pensando...
-Fique à vontade. A senhorita é minha convidada e não minha escrava, ou qualquer outra coisa.
Meu rosto se tornou vermelho-vivo novamente; era como se cada palavra dele fosse calculada antes. Ele havia tomado banho, e estava com uma roupa limpa. Seu cabelo estava molhado, como o meu também estava. Ele deu meia volta e voltou ao toalete.
Voltou alguns minutos depois com uma toalha seca e me entregou.
-Para o que...?
-Seque o seu cabelo. Não quer pegar um resfriado.
-Obrigada. –Respondi incerta.
Passei a toalha delicadamente pelo meu cabelo úmido. Ele sumiu novamente.
Depois de secar meu cabelo, levantei e fui atrás dele. Encontrei-o lavando meu vestido em uma tina.
-O que está fazendo?
Ele me olhou surpreso.
-Lavando o seu vestido.
-Por quê?
-Para você poder voltar com ele amanhã. Sua família deve estar preocupada com você, e se você voltar como veio não haverá problema nenhum.
-Você não quer que ninguém saiba que eu estive aqui?
-Eu não quero que ninguém venha importunar a minha paz.
Recebi aquilo como uma reclamação. Afinal, eu estava importunando-o, certo? Eu estava na floresta dele, perto da casa dele, e ele ainda teve o trabalho de me trazer até aqui.
-Tenho certeza que receberá uma boa quantia por me devolver. –Minha voz saiu ressentida e arranhada.
Ele me olhou nos olhos.
-Não me importo com dinheiro. –Respondeu sério.
-Você não precisa lavar o vestido.
-Eu já respondi por que o estou limpando.
-Eu não voltarei com ele amanhã.
-Por quê não? É seu.
-Pode ficar com ele, vender ou jogar fora. Não me interessa. Eu voltarei com as roupas que estou usando.
-Já disse que voltará com o vestido.
-Ninguém reparará no que estarei usando! Eu sumi no começo da tarde, e é capaz de ninguém ter reparado ainda! Todos eles só se preocupam com a idiotice do casamento de amanhã, e nunca se importaram de me perguntar o que eu achava daquilo tudo! Então não, eu não vou voltar com a droga do vestido! –Explodi.
-Você é uma das filhas do rei? –Ele perguntou sem emoção.
-Sou.
-Você é a princesa que se casará amanhã?
-Não. –Menti.
-Então por que o casamento te irrita tanto?
-Porque é a minha irmã. Eles não se preocuparam de perguntar se ela queria casar, eles apenas decidiram por si mesmo e depois contaram. Foi um choque brutal para ela. A partir de amanhã ela estará renegada de tudo o que gosta de fazer.
-E você se sentiu renegada por causa do casamento?
-Sim. Todos esqueceram que eu existia. –Todos ignoraram a própria noiva, inclusive minha mãe.
-Isso não te deixa feliz? Assim você pode vir para a clareira sem ter que se preocupar de ter que explicar aonde estava.
Ele sabia aonde eu estava?
-Como sabe da clareira?
-Você está na minha floresta. Eu sei de tudo.
-Eu não quero mais conversar. –Respondi emburrada.
-Tudo bem. –Ele voltou a lavar o vestido.
Aquilo me irritou muito. Ele simplesmente tinha ignorado tudo o que eu havia dito! Em um ataque de raiva, arranquei o vestido dele, corri até a porta, e joguei o vestido para fora. Ele caiu em uma poça de lama.
-O que está fazendo? –Ele perguntou irritado.
-EU NÃO VOLTAREI COM O VESTIDO!
Ele me olhou bravo.
-Vá para dentro!
-Você vai buscar o vestido?
-Vá para dentro, agora!
Fiquei com medo. Sua voz soou cheia de raiva, e seus olhos estavam vazios.
Apenas entrei e o ignorei. Sentei em uma das poltronas, de costas para a porta. Não vi nada, mas escutei tudo. Ele saiu na chuva, pegou o vestido, voltou um pouco molhado e com as botas sujas, e entrou no toalete. Foi lavar o vestido.
Por que ele não me escutava, droga? Não era muito difícil ignorar o vestido. Levantei e fui até a cozinha. Estava com fome. Achei água e pão. Comi um pouco, e voltei para a poltrona. Ele ainda não havia aparecido. Me aconcheguei na poltrona e cantarolei uma música antiga, que a minha mãe costumava cantar para mim, quando eu era menor. Adormeci em pouco tempo.
Acordei de madrugada com a voz dele me chamando:
-Senhorita, acorde. O Sol se levantará daqui a pouco, e não está mais a chover.
Esfreguei os olhos e percebi que havia um cobertor de pele me aquecendo. Levantei, dobrei-o e o deixei em cima da poltrona. Na mesa havia uma bacia com água para lavar o rosto, uma toalha, um prato com pão e carne, e um copo com suco.
Lavei o rosto, e comi tudo o que havia na mesa. Meu vestido estava seco, limpo e dobrado na cadeira ao lado. Ignorei-o.
-Cadê você? –Perguntei.
Ele entrou pela porta da frente. Usava roupas simples, e a mesma capa de ontem.
-Está pronta?
-Sim.
Ele me olhou, e depois olhou para o vestido.
-Não irá usá-lo de jeito nenhum?
-Não.
-Prenda seu cabelo. –Ele me entregou a minha fita de cabelo.
Prendi o cabelo, e o segui para fora da cabana. Ainda havia lama, e meus sapatos emprestados logo ficaram imundos. O Sol ainda estava raiando.
-Acredito que essa égua seja sua.
-Krist! –Exclamei alegre.
Ela estava sem sela, mas estava parada perto dele. Corri e a abracei. Senti vontade de chorar, mas me controlei.
-Obrigada por achá-la.
-Foi ela quem me achou. –Ele sorriu. E era um sorriso cativante, como se nada tivesse acontecido ontem.
Com a ajuda dele, montei-a e começamos a caminhar. Ele a pé, e eu em cima de Krist.
Andamos em silêncio por um bom tempo, até que eu quebrei o silêncio.
-Qual é o seu nome?
-Por que quer saber?
-Porque você me salvou.
-Se eu não a tivesse salvo, se importaria em saber o meu nome?
Fiquei constrangida com a pergunta.
-Acho que não.
-Então não se importe agora também.
-Mas agora eu me importo. Qual é o seu nome? Se não quiser que eu conte, eu não conto para ninguém.
Ele nem ao menos me olhou.
-Sério, me conte.
-Owayne. Satisfeita?
-Sim. Meu nome é...
-Não quero saber o seu nome. –Ele me cortou ríspido.
-Está bem, me desculpe.
Voltamos ao silêncio.
Quando chegamos no final da floresta, ele parou e me olhou.
-O que foi? Por que paramos aqui?
-Você voltará sozinha. Não preciso ir com você.
-O quê? Por quê?
Ele se afastou de mim, encostou-se em uma das árvores e baixou os olhos para o chão. Desmontei, e andei até ele. Engoli minha timidez e a irritação que ele estava provocando, e encostei em seu ombro.
-Obrigada por ter me salvado da chuva, por ter me dado abrigo, e por cuidar de mim durante essa noite. E desculpe por causar problemas, e por brigar por causa do vestido.
Ele olhou no fundo dos meus olhos, e sorriu. Mas seus olhos estavam vazios, e seu sorriso triste. Ele deveria ter uns vinte e quatro anos, mas parecia muito mais maduro do que isso.
Ele passou os dedos pelos meu cabelo louro, pelo meu rosto vermelho de vergonha, pela minha boca rosada. E aquele carinho era tudo o que eu queria naquele momento. Ele tomou conta de mim, ele foi atencioso e distante, mas cada ato seu estava carregado de carinho.
Me aproximei dele, e beijei-o, mas ele desviou o rosto e em vez disso, me abraçou. Senti seus braços fortes em volta de mim, me apertando com cuidado. Senti seu cheiro, o calor da sua pele, seu toque. E me arrepiei toda.
Ele se afastou de mim constrangido.
-Me perdoe, não era a minha intenção tocá-la. –Ele não me olhou nos olhos.
-Ah...não, tudo bem. Eu peço desculpas também.
Ele tirou a bolsa que carregava e me entregou.
-Por favor, fique com ele.
Não precisei olhar dentro da bolsa pra saber que meu vestido estava lá dentro.
-Ficarei.
Ele me ajudou a montar na égua novamente.
-Obrigada, Owayne. –Agradeci sorrindo.
-Tome cuidado da próxima vez, Kale. –Ele respondeu com um sorriso contido.
Eu não queria partir, era estranho, mas algo me impedia de ir embora. Mas antes que eu pudesse pensar em qualquer outra coisa, ele deu um tapa em Krist, que saiu galopando. Olhei para trás uma última vez, mas ele já havia desaparecido.
Cheguei em pouco tempo no castelo. Desmontei logo na entrada, e deixei minha égua com um criado. Entrei gritando:
-MÃE? PAI? EU CHEGUEI!
Meu segundo irmão apareceu no pátio, estava com a sua roupa de padre como sempre.
-Kale! Você está viva!
-É claro que estou!
Nós nos abraçamos.
-Acharam uma sela e as suas sandálias perdidas na floresta. Achamos que algo terrível tivesse acontecido.
-Eu me perdi na chuva.
-Graças à Deus você está bem!
Na verdade... foi graças ao Owayne...
Minha mãe apareceu logo, seguida pelas minhas irmãs.
-Filha! Graças à Deus você está viva! –Ela me abraçou comovida.
-Está tudo bem, mãe.
-Você sumiu, achamos suas coisas na floresta...fiquei tão preocupada.
Sorri aliviada. Eles estavam preocupados comigo.
-E que roupas são essas? –Minhas irmãs notaram.
-Uma roupa de homem.
-Traindo o seu quase-marido antes do casamento?
-Nós nunca pensaríamos algo assim de você, irmã!
-Quietas! –Minha mãe ordenou. –Por que está com essas roupas, Kale?
-Um homem da floresta me salvou ontem à noite da chuva, mas ele não tocou em mim, mãe. Juro!
-Tudo bem, tudo bem. Agora vá se trocar, tem que estar apresentável para o seu pai.
Eu parei e olhei séria para a minha mãe.
-O que foi?
-Por que elas disseram quase-marido? –Perguntei confusa.
-Ah filha... Logo de madrugada recebemos um mensageiro dizendo que o rei cancelava o casamento.
-Rei? Eu ia casar com um rei?
-Sim, filha.
-Mas por que ele cancelou? Ele achou que eu fugi? Ele...
-Kale, não foi nada disso. Foi um choque para nós, do mesmo jeito intempestivo que ele pediu sua mão, ele a rejeitou. A mensagem só dizia que ele pensou melhor, e você era nova demais para casar. O papel está no seu quarto, poderá lê-lo quando quiser. Agora, suba.
-Sim, rainha.
Subi correndo para o meu quarto, tomei banho, e coloquei um vestido simples. Abri a bolsa, e tirei o vestido. Dentro da bolsa ainda havia um colar. Havia uma placa de ouro decorado com diamantes aonde estava inscrito o nome dele. Achei estranho ele ter me dado aquilo, talvez tivesse caído sem querer. Era algo valioso para se perder assim. Olhando aquele colar senti vontade de chorar, mas não entendi o por quê. Coloquei-o em volta do meu pescoço.
Andei até a escrivaninha, e li a mensagem.
Soltei o papel e gritei.
Meu pai irrompeu no quarto momentos depois.
-Kale? Filha? O que houve? Você está bem? –Sua voz estava assustada.
-Pai... –Falei com a voz fina e arranhada.
-Por que está chorando? Está segura aqui em casa, querida.
Eu o abracei chorando e tremendo. Por isso ele me chamou pelo nome ao se despedir, brigou comigo por causa do vestido que fora presente do meu noivo e por isso ele me deu o colar!
Owayne era o meu noivo! E eu contei como estava odiando o casamento! Lembrei da minha mãe contando que meu noivo adorava caçar, era por isso que ele tinha uma cabana, é por isso que ele já havia me visto na clareira. Ele havia se apaixonado por mim antes de pedir minha mão!
-Pai, eu preciso encontrar o Owayne!
-O rei com quem você ia se casar? Mas filha, ele cancelou o casamento.
-Ele me salvou ontem à noite, eu preciso falar com ele, pai.
-Está certo. Chamarei meus cavaleiros para procurá-lo na floresta.
-Eu sei aonde ele está.
-Você não voltará lá sozinha, Kale. –Foi uma ordem.
-Entendi, senhor.
Ele se retirou do quarto, esperei alguns minutos e saí correndo para fora do castelo, montei em Krist, e tentei fugir, mas os guardas me viram e tentaram me impedir no portão.
-Saiam da minha frente!
-Princesa! Não podemos deixá-la passar!
Avancei em cima deles, eles pularam para o lado, e eu galopei à toda velocidade. Entrei na floresta, e fui direto para a cabana, eu havia decorado o caminho na volta. Cheguei, desmontei e corri até a porta. Estava trancada. Bati, mas ninguém respondeu.
-OWAYNE? CADÊ VOCÊ? EU JÁ SEI DE TUDO.
Silêncio.
-POR FAVOR, OWAYNE. EU PRECISO CONVERSAR COM VOCÊ. –Implorei.
Silêncio.
Comecei a chorar, meu coração estava dilacerado. Ele era o homem que eu amava, não admitia a idéia de tê-lo perdido dessa maneira.
De repente, senti alguém me puxando pelo braço. Era ele.
-Kale, por que está gritando? E por que está chorando?
-Você era o meu noivo. –Respondi fungando.
-Sim.
-Por que não me contou?
-Você não queria casar comigo.
-Não queria casar com um estranho. Mas eu quero me casar com você!
Ele me puxou e me beijou apaixonadamente.
Foi meu primeiro beijo, e o primeiro de vários outros. Casei com Owayne naquele mesmo dia, e sempre voltávamos uma vez por ano para a nossa cabana encantada, onde tudo começou...